O que foi
O Modernismo foi um amplo movimento cultural surgido no Brasil na primeira metade do século XX, sobretudo na literatura e nas artes plásticas, desencadeado pela influência das vanguardas europeias que antecederam a Primeira Guerra Mundial, como o Cubismo e o Futurismo. O enfoque do movimento nacional era, no entanto, a cultura brasileira. Costuma-se dividir esse movimento em três fases, e a chamada “Geração de 1945” corresponde à terceira delas. Ela teria durado até 1960.
Também conhecidos como “neomodernistas”, essa terceira geração, em contraposição ao modernismo original, de 1922, procurava distanciar-se do nacionalismo e pregava um maior rigor na elaboração poética, usando para tanto uma grande quantidade de metáforas e de formas clássicas (como o soneto). Isso fez com que fossem chamados de “neoparnasianos” por parte de seus críticos. Em vez do despojamento tradicional modernista, valorizavam mais a linguagem, e não necessariamente o tema de suas obras.
Contexto histórico
A terceira fase do Modernismo é marcada pelo fim da Segunda Guerra Mundial (1945) e pelas explosões atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, assim como pela posterior divisão do mundo em dois blocos: capitalista, liderado pelos Estados Unidos; e comunista, liderado pela ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Essa divisão resultou na “Guerra Fria”, um período alimentado por um medo constante de novos ataques nucleares que se arrastou até a década de 1980.
No Brasil, 1945 representa o fim da era Vargas (que voltaria ao poder em 1950, para depois se suicidar em 1954), ou seja, a queda do populismo e da ditadura, bem como o início de uma época de redemocratização política e de desenvolvimento econômico. Liderado por Juscelino Kubitschek (1945-1960), o país cresce em ritmo acelerado, com a atração de capital estrangeiro e a instalação de multinacionais. 1945 também é o ano da morte de Mário de Andrade (1893-1945), principal figura do Modernismo.
Principais características do movimento
No campo da prosa (romance e conto), destaca-se a literatura intimista (que segue uma tendência), de sondagem psicológica e introspectiva (ligada ao íntimo), com a exploração dos conflitos entre o homem e a modernidade, a busca da universalização e de uma literatura engajada, tendo como destaque a escritora Clarice Lispector. Também o regionalismo desperta interesse, tendo a recriação dos costumes e da fala sertaneja como principal mote (Guimarães Rosa).
No campo da poesia, a Geração de 45 nega a liberdade formal, as ironias, as sátiras (contra instituições, costumes e ideias do período) e outras características modernistas, buscando uma poesia mais equilibrada e séria (como a de João Cabral e Melo Neto). A poesia, aqui, deveria seguir um modelo mais formal, com versificação mais regrada, maior erudição e uso de temas mais universais. Por outro lado, nesse momento surgem também o concretismo, a poesia-práxis, o poema-processo, o poema social, a poesia marginal e os músicos-poetas, que buscam a intertextualidade com outros meios de expressão.
João Cabral de Melo Neto: um dos principais escritores do Modernismo. |
Principais escritores e suas principais obras:
- João Cabral de Melo Neto (1920-1999): O Cão sem Plumas (1950).
- Clarice Lispector (1920-1977): A Paixão Segundo G. H. (1964) e A Hora da Estrela (1977).
- Guimarães Rosa (1908-1967): Sagarana (1946) e Grande Sertão: Veredas (1956).
- Ariano Suassuna (1927-2014): O Auto da Compadecida (1955).
- Lygia Fagundes Telles (1923-2022): Ciranda de Pedra (1954).
- Lêdo Ivo (1924-2012): Finisterra (1972)
- Mário Quintana (1906-1994): Antologia Poética (1966).
Lygia Fagundes Telles: uma das principais escritoras da Literatura Modernista brasileira. |
Legado
A Geração de 45 serviu de ponte entre o Modernismo e as vanguardas posteriores, influenciando diretamente movimentos como o Concretismo e o Praxismo na poesia, além de inspirar romancistas e poetas das décadas seguintes.
Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).
Fontes de pesquisa utilizadas na elaboração do texto:
- TUFANO, Douglas. Vereda Digital – Literatura Brasileira e Portuguesa, São Paulo: Moderna, 2012.
- NICOLA, José de. Literatura – Projeto Múltiplo, São Paulo: Ática, 2018.