Geração de 45 do Modernismo

Essa foi a terceira fase da literatura modernista brasileira, que se destacou por grandes escritores e obras.


Mario Quintana: um dos principais representantes da Geração de 45
Mario Quintana: um dos principais representantes da Geração de 45

 

O que foi

 

O Modernismo foi um amplo movimento cultural surgido no Brasil na primeira metade do século XX, sobretudo na literatura e nas artes plásticas, desencadeado pela influência das vanguardas europeias que antecederam a Primeira Guerra Mundial, como o Cubismo e o Futurismo. O enfoque do movimento nacional era, no entanto, a cultura brasileira. Costuma-se dividir esse movimento em três fases, e a chamada “Geração de 1945” corresponde à terceira delas. Ela teria durado até 1960.

 

Também conhecidos como “neomodernistas”, essa terceira geração, em contraposição ao modernismo original, de 1922, procurava distanciar-se do nacionalismo e pregava um maior rigor na elaboração poética, usando para tanto uma grande quantidade de metáforas e de formas clássicas (como o soneto). Isso fez com que fossem chamados de “neoparnasianos” por parte de seus críticos. Em vez do despojamento tradicional modernista, valorizavam mais a linguagem, e não necessariamente o tema de suas obras.

 

Contexto histórico

 

A terceira fase do Modernismo é marcada pelo fim da Segunda Guerra Mundial (1945) e pelas explosões atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, assim como pela posterior divisão do mundo em dois blocos: capitalista, liderado pelos Estados Unidos; e comunista, liderado pela ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Essa divisão resultou na “Guerra Fria”, um período alimentado por um medo constante de novos ataques nucleares que se arrastou até a década de 1980.

 

No Brasil, 1945 representa o fim da era Vargas (que voltaria ao poder em 1950, para depois se suicidar em 1954), ou seja, a queda do populismo e da ditadura, bem como o início de uma época de redemocratização política e de desenvolvimento econômico. Liderado por Juscelino Kubitschek (1945-1960), o país cresce em ritmo acelerado, com a atração de capital estrangeiro e a instalação de multinacionais. 1945 também é o ano da morte de Mário de Andrade (1893-1945), principal figura do Modernismo.



Principais características do movimento

 

No campo da prosa (romance e conto), destaca-se a literatura intimista (que segue uma tendência), de sondagem psicológica e introspectiva (ligada ao íntimo), com a exploração dos conflitos entre o homem e a modernidade, a busca da universalização e de uma literatura engajada, tendo como destaque a escritora Clarice Lispector. Também o regionalismo desperta interesse, tendo a recriação dos costumes e da fala sertaneja como principal mote (Guimarães Rosa).

 

No campo da poesia, a Geração de 45 nega a liberdade formal, as ironias, as sátiras (contra instituições, costumes e ideias do período) e outras características modernistas, buscando uma poesia mais equilibrada e séria (como a de João Cabral e Melo Neto). A poesia, aqui, deveria seguir um modelo mais formal, com versificação mais regrada, maior erudição e uso de temas mais universais. Por outro lado, nesse momento surgem também o concretismo, a poesia-práxis, o poema-processo, o poema social, a poesia marginal e os músicos-poetas, que buscam a intertextualidade com outros meios de expressão.

 

Foto do escritor João Cabral de Melo Neto sorrindo

João Cabral de Melo Neto: um dos principais escritores do Modernismo.



Principais escritores e suas principais obras:

 

- João Cabral de Melo Neto (1920-1999): O Cão sem Plumas (1950).

 

- Clarice Lispector (1920-1977): A Paixão Segundo G. H. (1964) e A Hora da Estrela (1977).


- Guimarães Rosa (1908-1967): Sagarana (1946) e Grande Sertão: Veredas (1956).

 

- Ariano Suassuna (1927-2014): O Auto da Compadecida (1955).

 

- Lygia Fagundes Telles (1923-2022): Ciranda de Pedra (1954).

 

- Lêdo Ivo (1924-2012): Finisterra (1972)

 

- Mário Quintana (1906-1994): Antologia Poética (1966).

 

Lygia Fagundes Telles, escritora brasileira, em pé de braços cruzados em frente uma estante de livros
Lygia Fagundes Telles: uma das principais escritoras da Literatura Modernista brasileira.

 

 

Legado

 

A Geração de 45 serviu de ponte entre o Modernismo e as vanguardas posteriores, influenciando diretamente movimentos como o Concretismo e o Praxismo na poesia, além de inspirar romancistas e poetas das décadas seguintes.





Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).




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Bibliografia Indicada

 

Fontes de pesquisa utilizadas na elaboração do texto:

 

- TUFANO, Douglas. Vereda Digital – Literatura Brasileira e Portuguesa, São Paulo: Moderna, 2012.


- NICOLA, José de. Literatura – Projeto Múltiplo, São Paulo: Ática, 2018.


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