Introdução
A pintura grega sobreviveu principalmente como decoração de cerâmica. Os poucos murais que chegaram até nós são notáveis e exibem avanços significativos em técnicas de realismo, especialmente o sombreamento e a perspectiva. Além da pintura, a principal forma de arte gráfica antiga era o mosaico.
A evolução da pintura grega pode ser dividida em três períodos principais:
1. O proto-histórico ou micênico (c. 1200-800 a.C.), caracterizado por desenhos geométricos;
2. O arcaico (c. 800-500 a.C.), com a predominância de figuras negras e murais planos;
3. O clássico ou helenístico (c. 500 a.C.), com predominância de figuras vermelhas e murais realistas.
1. Período proto-histórico ou micênico
Trata-se do período em que a civilização micênica entrou em colapso. Apesar disso, foi a época de desenvolvimento do estilo protogeométrico, que apresenta círculos concêntricos e padrões de linhas retas, onduladas e em zigue-zague. Sua precisão distingue-o das formas anteriores de decoração geométrica, refletindo inovações tecnológicas, como o pincel com várias cabeças (para pintar linhas paralelas).
2. Período arcaico
Esse período englobou três fases da pintura em jarros: geométrica, orientalizante e negra. Um vaso de estilo geométrico apresenta uma variedade de padrões, como formas repetidas e meandros (padrão formado por uma única linha contínua). Se aparecem figuras humanas ou animais, elas serão rigidamente estilizadas de modo a se misturarem com as formas geométricas puras (principalmente quadrado, triângulo, círculo, retângulo e hexágono).
A próxima fase da pintura desse período é conhecida como orientalizante, devido à adoção de figuras comuns em terras orientais (por exemplo, leões e esfinges). Pode ser dividida em dois estilos principais. O arrojado e luxuoso estilo protoatítico de Atenas, bem-adaptado aos grandes vasos, adota o estilo geométrico e acrescenta grandes figuras. O delicado estilo protocorintiano de Corinto, por sua vez, apresenta figuras pequenas e elementos geométricos leves (como rosetas).
Esse período foi sucedido pelo estilo de figuras negras, no qual as silhuetas de figuras são pintadas de preto sólido (tipicamente em um fundo laranja vibrante); detalhes são então adicionados por linhas de corte nas silhuetas. Essa época marca o início de cenas narrativas, geralmente enquadradas com elementos geométricos.
A era arcaica também testemunhou o surgimento da pintura mural, cujo estilo era plano e bem delineado. Poucos exemplos sobreviveram e a melhor coleção é a do Túmulo do Mergulhador, descoberta em um assentamento grego no sul da Itália. A pintura mural grega foi adotada pelos etruscos da Itália central, que a usavam para decorar as paredes de seus próprios túmulos. Como muitos sobrevivem mais do que os gregos, fornecem um vislumbre valioso da pintura grega.
Pintura geométrica grega em cerâmica: uma das características da arte do período arcaico. |
3. Período clássico ou helenístico
A última grande escola de pintura de cerâmica grega foi a figura vermelha, em que a técnica das figuras negras era invertida: silhuetas alaranjadas eram formadas pintando ao redor delas em preto. Isso deu ao artista muito mais controle ao desenhar curvas suaves ou ao variar a espessura das linhas ao adicionar detalhes. Também permitia gradientes de cor, já que a tinta preta podia ser diluída para adquirir tons de marrom. No final do período clássico, porém, essa arte da pintura em cerâmica caiu em declínio permanente.
O período clássico testemunhou grandes avanços na técnica de pintura realista. Enquanto os murais arcaicos são bastante planos, os clássicos apresentam perspectiva tridimensional e sombreamento. Da mesma forma, apenas poucas obras sobreviveram. A coleção mais importante é a dos Túmulos Vergina, um complexo real da Macedônia.
Pintura em ânfora grega, 540 a.C. |
Pintura grega em madeira (por volta de 530 a.C.) |
Afresco de uma tumba grega |
Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
ROBERTSON, Martin. Uma breve história da arte grega. São Paulo: Zahar, 2012.
Fonte de referência do texto:
FARTHING, Stephen e CORK, Richard. Tudo sobre Arte. São Paulo: Editora Sextante, 2018.
Vídeo indicado no YouTube: