Quem foi
Carlota Joaquina de Bourbon foi uma infanta espanhola que se tornou a rainha consorte de Portugal como esposa do rei João VI.
Biografia resumida
Carlota Joaquina Teresa Cayetana de Bourbon nasceu em Aranjuez, Espanha, em 25 de abril de 1775. Era filha de Carlos IV e de dona Maria Luísa de Parma, reis da Espanha.
Aos dez anos, como era costume à época, casou-se por procuração com o príncipe de Portugal, dom João de Bragança, em um acordo de aproximação entre os dois países. Com ele, teve nove filhos: Maria Teresa, Antonio Pio, Maria Isabel Francisca, Pedro de Bragança (primeiro imperador do Brasil), Maria Francisca, Isabel Maria, Miguel I, Maria da Assunção e Ana de Jesus.
Em 1788, o irmão de dom João, dom José, morreu, provocando em sua mãe, dona Maria I, graves crises emocionais. Dom João assumiu então o governo em 1792, mas se recusou a receber o título de príncipe regente, pois esperava a cura da mãe. Apenas em 1799, com o fim da Revolução Francesa (que ameaçava as cortes europeias), e com a tentativa de Carlota Joaquina, que o acusou de incompetente, de assumir a regência, é que dom João concordou em aceitar o cargo.
Em 1792, Carlota Joaquina mudou-se para Portugal para viver com o marido, tornando-se princesa do Brasil, pois a colônia de Portugal no Brasil foi elevada à condição de reino.
Quando Napoleão invadiu Portugal, em 1807, ela e a corte portuguesa fugiram para o Brasil, estabelecendo a sede do Império Português no Rio de Janeiro. Carlota Joaquina não simpatizou com as novas terras e seus habitantes, e é mantida afastada por dom João dos negócios e da política da corte. Por isso, conspirou novamente contra seu marido para tornar-se rainha das províncias espanholas do Rio da Prata, mas seu projeto acabou fracassando. Foi aclamada rainha em 1816, após a morte de dona Maria I.
Com a morte de D. Maria I (sua sogra), em 1816, Carlota Joaquina tornou-se rainha consorte de Portugal, mesmo estando no Brasil na época.
No ano de 1821, enquanto as revoluções liberais varriam Portugal e o Brasil, a corte real retornava a Portugal. Carlota Joaquina, no entanto, discordava da abordagem indulgente do marido com os liberais e muitas vezes conspirava contra ele.
Em 1822, Carlota Joaquina tentou se tornar a rainha de um Brasil independente, um plano que falhou quando seu filho, Pedro, declarou a independência do Brasil e se tornou seu imperador.
Em 1826, após a morte de D. João VI, iniciou-se uma crise sucessória, em parte alimentada pelas ambições de governo de Carlota Joaquina. Seu filho Pedro acabou se tornando o rei Pedro IV de Portugal, mas logo abdicou em favor de sua filha, Maria II.
Faleceu no palácio de Queluz, em Lisboa, Portugal, em 7 de janeiro de 1830
Volta a Portugal
Carlota Joaquina retornou a Portugal apenas depois de 1820, junto com a corte real, por causa da revolução do Porto. Uma vez lá, recusou-se a assinar a Constituição de 1822, perdendo assim sua cidadania portuguesa. Com a morte de dom João, conspirou para que de seu filho dom Miguel ascendesse ao trono, mas este foi tomado por dom Pedro I do Brasil.
Curiosidades:
- Como não gostasse dos brasileiros, Carlota Joaquina obrigava todos a se ajoelharem quando passava por eles.
- Ao chegar em Portugal, tirou os sapatos e raspou-os nas pedras do cais, dizendo: “Nem nos sapatos quero como lembrança a terra do maldito Brasil”.
Carlota Joaquina com o rei D. João VI |
Artigo revisado por Jefferson Evandro Machado RamosGraduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
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