O mito do Anel de Giges

O mito do Anel de Giges nos faz refletir sobre o conceiro de justiça e a natureza humana.


O mito do Anel de Giges: muitas ideias filosóficas para refletirmos.
O mito do Anel de Giges: muitas ideias filosóficas para refletirmos.

 

O que é o mito?

O mito do "Anel de Giges" tem origem na obra filosófica "A República" de Platão, especificamente em um diálogo onde Gláucon relata a história para Sócrates. A história serve como um experimento de pensamento para discutir a natureza da justiça.

 

Como é o mito do Anel de Giges

 

O mito conta a história de Giges, um pastor a serviço do rei da Lídia. Após um terremoto abrir uma fenda na terra, Giges descobre um cavalo de bronze com portas, dentro do qual jaz um cadáver usando um anel de ouro. Giges toma o anel mágico e logo descobre que ele concede o poder de invisibilidade quando ele gira a configuração para a palma da mão. Percebendo seu potencial, Giges usa o anel para seduzir a rainha, assassinar o rei e, finalmente, tomar o trono da Lídia.

 

Pintura mostrando Giges pegando o anel dentro de um cavalo de bronze

Pintura italiana do século XVI mostrando o mito do Anel de Giges.




Significado e ideias filosóficas transmitidas pelo mito:

 

• O mito transmite várias ideias filosóficas, particularmente sobre moralidade e natureza humana.


• Sugere que as pessoas são justas ou morais por causa das consequências sociais de serem injustas, em vez de um senso inato de justiça. O poder de invisibilidade do anel simboliza a liberdade de agir sem medo de represálias, e a história coloca a questão de se um indivíduo permaneceria justo se pudesse agir injustamente sem ser pego.

 

• O mito implica que, sem responsabilidade, as pessoas podem naturalmente tender a agir em seu próprio interesse, mesmo à custa dos outros. Isso desafia a crença na moralidade intrínseca e investiga as profundezas da natureza humana, questionando se a justiça é uma construção social reforçada por leis e consequências, em vez de um aspecto fundamental do caráter humano.

 

• Em essência, o mito do Anel de Giges serve como um dispositivo filosófico para explorar o conceito de justiça, as motivações para o comportamento moral e o impacto do poder nas decisões éticas de alguém.



A relação do mito com o conceito de justiça

 

O Anel de Giges se relaciona com o conceito de justiça ao desafiar a noção de que a justiça é um bem intrínseco. Glaucon, ao relatar a história, sugere que a justiça é uma construção social, aderida por medo ou pelo bem da reputação e consequências, em vez de um compromisso genuíno com a própria justiça. A história propõe que, se alguém recebesse o poder de agir sem detecção ou responsabilidade, como Giges com seu anel, a verdadeira natureza dessa pessoa emergiria, livre da influência das normas e leis sociais.



Relação entre o mito e a natureza humana

 

As implicações do Anel de Giges para a natureza humana são profundas. Sugere uma visão pessimista da natureza humana, implicando que as pessoas são inerentemente egoístas e escolheriam agir de forma imoral se pudessem fazê-lo sem enfrentar quaisquer repercussões. Essa perspectiva desafia o ideal socrático-platônico de que conhecer o bem naturalmente leva alguém a fazer o bem. Em vez disso, o mito implica que a moralidade é imposta externamente e que, sem a ameaça de punição ou censura social, os indivíduos podem não escolher agir justamente. Esse experimento de pensamento força os leitores a enfrentar questões desconfortáveis sobre moralidade, justiça e a essência da natureza humana, sugerindo que as estruturas de lei e sociedade desempenham um papel crucial na manutenção do comportamento moral.

 

 

 



Publicado em 11/02/2024




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Bibliografia Indicada

 

Fonte de referência do artigo:

- PLATÃO. A República. Tradução de Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Editora Unesp, 2007.


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