A Filosofia Renascentista

O Renascimento Cultural foi um movimento amplo e teve na Filosofia uma das áreas de destaque.


Marsilio Ficino: filósofo renascentista italiano
Marsilio Ficino: filósofo renascentista italiano


O que foi a Filosofia Renascentista


A Filosofia do Renascimento Cultural, que surgiu entre os séculos XIV a XVII, marcou uma mudança crucial no pensamento filosófico na Europa. Esse período, que serviu de ponte entre a Idade Média e a História Moderna, testemunhou um renascimento nas artes, na ciência e na cultura, impactando profundamente a filosofia. Foi caracterizada por um interesse renovado no pensamento grego e romano antigo, no humanismo e na secularização do aprendizado.



Características da Filosofia Renascentista:


Humanismo: central para a filosofia do Renascimento, o Humanismo enfatizou o valor potencial e a bondade dos seres humanos, focando principalmente nos interesses, habilidades e experiências humanas.

   
Valorização da Antiguidade Clássica: os filósofos mostraram um interesse renovado nos textos gregos e romanos antigos, levando ao redescobrimento e ao estudo da filosofia clássica, literatura e ciência.


Individualismo: houve um foco crescente na experiência e expressão individuais, em contraste com a ênfase medieval nas identidades coletivas.


Secularismo: embora não rejeitando completamente o cristianismo, a filosofia do Renascimento frequentemente abraçou temas seculares, explorando assuntos não religiosos e enfatizando a vida na terra.


Exploração Científica: o período viu o florescimento do inquérito científico e uma mudança em direção a métodos empíricos, estabelecendo as bases para a ciência moderna.


Ceticismo: envolveu questionar crenças tradicionais e abraçar a incerteza e a dúvida como meio de adquirir conhecimento. Essa característica está ligada a corrente filosófica grega denominada Ceticismo, que teve como um dos principais pensadores o filósofo grego Pirro de Élis.



Principais filósofos renascentistas e suas obras principais:


1. Nicolau Maquiavel (1469-1527)

Principais obras:


- "O Príncipe" (Il Principe): uma obra seminal em filosofia política, discute como os governantes devem manter o poder, defendendo táticas realistas e, às vezes, impiedosas.

- "Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio" (Discorsi sopra la prima deca di Tito Livio): exploração da política republicana, analisando a estrutura e os benefícios da República Romana.



2. Erasmo de Roterdã (1466-1536)

Principais obras:

- "Elogio da Loucura" (Moriae Encomium): uma crítica satírica de várias práticas sociais e religiosas.

- "A Educação de um Príncipe Cristão" (Institutio principis Christiani): um tratado sobre como governar, enfatizando considerações morais e religiosas sobre o pragmatismo maquiavélico.



3. Thomas More (1478-1535)


Principais obras:

- "Utopia" (De Optimo Reipublicae Statu deque Nova Insula Utopia): obra política que retrata uma sociedade idealizada em uma ilha fictícia, criticando a política e a sociedade contemporâneas.

- "História do Rei Ricardo III" (Historia Richardi Tertii): relato do reinado de Ricardo III, significativo por sua mistura de escrita histórica e narrativa literária.



4. Francesco Petrarca (Petrarca) (1304-1374)


Principais obras:


- "Meu Segredo" (Secretum Meum): diálogo pessoal entre Petrarch e Santo Agostinho, refletindo sobre a vida espiritual versus secular.

- "Canzoniere" (Livro de Canções): coleção de poemas dedicados em grande parte ao seu amor por Laura, que teve uma influência significativa no humanismo e na literatura do Renascimento.



5. Marsilio Ficino (1433-1499)

Principais obras:

- "A Teologia Platônica" (Theologia Platonica): síntese abrangente da teologia cristã e da filosofia platônica (platonismo).

- "Comentário sobre o Banquete de Platão sobre o Amor" (Commentarium in Convivium Platonis, De Amore): exploração filosófica do amor, mesclando pensamentos platônicos e cristãos.



6. Giordano Bruno (1548-1600)


Principais obras:


- "Sobre o Universo Infinito e os Mundos" (De l'infinito universo et mondi): obra que argumenta por um universo infinito e a possibilidade de inúmeros mundos, desafiando a cosmologia aristotélica.

- "A Expulsão da Besta Triunfante" (Spaccio de la Bestia Trionfante): alegoria filosófica que critica as crenças religiosas e filosóficas contemporâneas.

 

7. Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494)

Principais obras:

- "Discurso sobre a Dignidade do Homem" (De hominis dignitate): frequentemente considerado o "Manifesto do Renascimento", este trabalho celebra o potencial humano e a busca pelo conhecimento.

- "900 Teses" (Conclusiones philosophicae, cabalisticae et theologicae): compilação de 900 teses, representando uma tentativa de sintetizar vários ensinamentos filosóficos e religiosos.

 

 

Retrato de perfil e colorido de Giovanni Pico della Mirandola

Giovanni Pico della Mirandola: importante filósofo humanista italiano do Renascimento.

 

 




Publicado em 24/01/2024

Por Jefferson Evandro M. Ramos (historiador e professor de História)




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Bibliografia Indicada

 

Fonte de referência do artigo:

 

- GARIN, Eugenio. O homem do Renascimento: o pensamento do humanismo. Tradução de Sílvia Pironello. 2a ed. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2008.


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