O que foi e contexto histórico
No século XVI, Portugal e Espanha experimentaram uma grande expansão econômica. Portugal assumiu o controle de grande parte do comércio de especiarias e metais, estabelecendo uma extensa rede na Ásia e na África, e a Espanha expandiu seu comércio na Ásia, nas Filipinas e na América. Os dois estados mantiveram relações amistosas, e casamentos entre soberanos portugueses e espanhóis foram realizados em várias ocasiões: Carlos V, por exemplo, casou-se com uma princesa portuguesa; seu filho, Filipe II, fez o mesmo.
Início da União Ibérica
Em 1569, Sebastião I, da dinastia portuguesa de Avis, subiu ao trono depois de um longo período de regência. Criado entre os jesuítas, ele queria estender as possessões portuguesas e repelir os “hereges” muçulmanos. Para tanto, organizou uma cruzada no Marrocos em 1578. Assim que chegou à costa marroquina, no entanto, o exército português foi esmagado e Sebastião I morto na batalha.
O único sucessor da dinastia Avis era o cardeal Henrique, então com setenta anos. Como ele não pudesse mais gerar filhos, Portugal acabou sem herdeiro. O rei espanhol Filipe II, percebendo que tinha ligações com a casa de Avis, colocou então seu exército ao longo da fronteira portuguesa e, quando Henrique I faleceu em 1580, ordenou a invasão de Portugal, reconhecido rei pelas Cortes.
Governo
Filipe II concedeu a Portugal autonomia política no sentido de manter suas instituições políticas. Apesar disso, rumores começaram a se espalhar, sugerindo que o rei Sebastião I não estava morto, que ele se refugiara nas montanhas e aguardava o momento oportuno para libertar Portugal. Essa lenda rapidamente se transformou numa verdadeira religião: o sebastianismo (crença mística, divulgada em Portugal logo após o desaparecimento de Dom Sebastião, segundo a qual este rei, como um novo messias, retornaria para levar o reino a novas glórias e conquistas), símbolo da resistência portuguesa ao invasor espanhol.
A União Ibérica resultou no controle de uma extensão de amplitude mundial, no entanto, a junção das duas coroas privou Portugal de uma política externa independente, e os inimigos da Espanha, como Inglaterra e Holanda, acabaram se voltando contra Portugal, atacando seus territórios. Já os portugueses aproveitaram a união dinástica para contestar o Tratado de Tordesilhas e ocupar territórios sul-americanos atribuídos à Coroa de Castela, expandindo o território do Brasil para oeste.
Após a dissolução da União Ibérica em 1640, Portugal restabeleceu sua autoridade sobre parte dos territórios perdidos, mas a fixação portuguesa em território oficialmente espanhol gerou um longo período de conflitos, conduzindo à negociação do Tratado de Madri.
Rei Felipe II da Espanha: primeiro rei do período da União Ibérica. |
Principais consequências da União Ibérica:
• Invasões Holandesas no Brasil: durante a União Ibérica, as colônias portuguesas tornaram-se alvos dos inimigos da Espanha, como os holandeses. Isso levou a invasões significativas no nordeste brasileiro, especialmente em Pernambuco, onde os holandeses estabeleceram uma colônia entre 1630 e 1654.
• Perda de territórios na Ásia: a União também expôs as colônias portuguesas na Ásia aos conflitos espanhóis, resultando em ataques e perda de territórios para outros poderes europeus e locais. Isso incluiu a perda de controle sobre partes do Ceilão (atual Sri Lanka) e influência reduzida em outras áreas comerciais chave na região.
• Restauração da Independência de Portugal: a insatisfação com o domínio espanhol cresceu entre os portugueses, culminando na Restauração da Independência em 1640. Este movimento foi impulsionado pelo descontentamento com a perda de autonomia e a negligência dos interesses portugueses em favor dos espanhóis.
Você sabia?
Durante a União Ibérica, as colônias de Portugal, inclusive o Brasil, continuaram sendo administradas por funcionários portugueses.
Revisado por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
KOSHIBA, Luiz; PEREIRA, Denise Manzi Frayse. História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Atual, 1998.
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