Quem foi
Charles-Pierre Baudelaire, mais conhecido como Charles Baudelaire, foi um importante poeta francês do século XIX. Atuou também como teórico e crítico de arte. É considerado um dos principais nomes e precursor do Simbolismo literário. Sua principal obra foi As flores do mal, publicada em 1857.
Biografia resumida
Charles Baudelaire nasceu na cidade de Paris (França) em 9 de abril de 1821.
Seu pai morreu quando ele tinha apenas seis anos, deixando a família em dificuldades financeiras.
Baudelaire foi expulso do colégio (em função de comportamentos contra as regras do colégio), em 1839 e isso foi um evento decisivo em sua vida, já que o deixou sem uma educação formal.
Baudelaire recebeu uma herança substancial quando completou 21 anos, mas seu estilo de vida extravagante o levou a desperdiçar muito em poucos anos, mergulhando-o em dificuldades financeiras que persistiriam por toda a vida.
Em 1841, ele embarcou em uma viagem de um ano para as Índias Orientais, mas acabou desertando e voltando para a França antes do fim da viagem.
Em 1844, Baudelaire publicou seu primeiro livro de poesia, "As Flores do Mal", que foi um escândalo por causa de seu estilo provocador e transgressivo para a época.
Em 1857, uma edição expandida de "As Flores do Mal" foi publicada, com seis novos poemas e uma introdução que explicava a filosofia por trás do livro. No mesmo ano, Baudelaire foi processado por "ofensas à moral pública e religiosa" devido a algumas passagens de "As Flores do Mal", que foram consideradas blasfêmias e obscenas.
Em termos de saúde, Baudelaire sofria de sífilis desde o início da idade adulta, o que causou inúmeros problemas de saúde ao longo de sua vida. Sua saúde piorou na década de 1860 e ele teve seu primeiro derrame em 1866. Os anos seguintes foram marcados pelo declínio da saúde e pelo aumento de seus problemas financeiros.
Charles Baudelaire morreu na cidade de Paris (França) em 31 de agosto de 1867. A causa de sua morte foi a doença sífilis.
Charles Baudelaire: retrato pintado por Émile Deroy em 1844. |
Principais características do seu estilo literário:
• Baudelaire frequentemente retratava temas sombrios e desconfortáveis, como a morte, o vício, a melancolia e a angústia existencial do ser humano. No entanto, ele fazia isso de uma maneira altamente estética, criando imagens poéticas e atmosferas sugestivas.
• Baudelaire utilizava uma linguagem elaborada e repleta de referências literárias e culturais. Sua poesia era conhecida por suas imagens vívidas e sugestivas, que evocavam sensações e emoções intensas.
• Experimentação com a forma e a estrutura. Baudelaire desafiava as convenções poéticas tradicionais de sua época.
• Interesse pelo exótico e o sublime. Ele frequentemente retratava cenas urbanas da vida parisiense, mas também se inspirava em imagens de culturas distantes e em paisagens exóticas.
• Enfoque na subjetividade e na interioridade.
• Outra característica fundamental das obras de Baudelaire é sua exploração da dualidade. Sua poesia frequentemente explora a tensão entre forças opostas: beleza e feiúra, prazer e dor, amor e ódio. Essa tensão dá ao seu trabalho uma profunda profundidade emocional.
• As obras de Baudelaire são intensamente sensuais, muitas vezes focando em sensações e experiências físicas. Sua poesia frequentemente usa imagens sensuais para explorar temas de desejo, beleza e a natureza efêmera do prazer.
Principais obras de Baudelaire
- La Fanfarlo - 1847
- A arte romântica - 1852
- As flores do mal - 1857
- Os Paraísos Artificiais - 1860
- Pequenos poemas em prosa - 1862
- O pintor da vida moderna - 1863
- Miudezas - 1866
- Diários íntimos - 1887
- Meu coração a nu - 1897
Exemplos de frases:
- "A música perfura o céu".
- "O amor é um crime que não se pode realizar sem ter um cúmplice".
- "A admiração começa onde acaba a compreensão".
- "Aos olhos da saudade, como é pequeno o mundo".
- "Inspiração é trabalho, trabalho e mais trabalho".
Charles Baudelaire: escritor simbolista francês do século XIX. |
Trecho de "As Flores do Mal"
Pluviôse, contra toda a cidade irritado,
De sua urna verte um frio tenebroso
Sobre os que moram sós no cemitério ao lado,
E entorna a morte no subúrbio nebuloso.
Meu gato em busca de onde estar aconchegado
Agita inquieto o corpo flácido e asqueroso;
A alma de um velho poeta erra pelo telhado,
Com a lúgubre voz de um fantasma brumoso.
O bordão se lamenta, e a tíbia acha de lenha
10 Acompanha em falsete a pêndula roufenha,
Enquanto num baralho, entre ácidos odores,
Herança de uma velha hidrópica e entrevada,
Um valete e uma dama, em sinistra jogada,
Vão lembrando entre si seus defuntos amores
Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).
Fonte de referência do artigo:
SOUSA, Ronaldes de Melo. A modernidade em Baudelaire e Benjamin: uma leitura da poesia lírica do século XIX. São Paulo: Editora Unesp, 2016.
Vídeo indicado no YouTube:
Minibiografia: Charles-Pierre Baudelaire | Super Libris - SescTV