Quem foi
Carlos Drummond de Andrade foi um grande poeta, contista e cronista brasileiro. Pelo conjunto de sua obra, tornou-se um dos principais representantes da Literatura Brasileira do século XX. É considerado, por muitos críticos literários, como um dos principais escritores do Modernismo no Brasil. Sua grande obra é A Rosa do Povo, publicada em 1945.
Biografia resumida
- Carlos Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira, Minas Gerais, no ano de 1902
- Foi chefe do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN), cargo em que se aposentou.
- Em 1921, começou a publicar seus primeiros escritos no jornal mineiro Diário de Minas.
- Em 1923, entrou para o curso de Farmácia na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte.
- Em 1925, casou-se com Dolores Dutra de Morais.
- Concretizou seus estudos em Belo Horizonte e, neste mesmo local, deu início a sua carreira de redator na imprensa.
- Em 1927, nasceu seu filho Carlos Flávio. No ano seguinte nasceu sua filha Maria Julieta.
- Em 1933, foi Chefe de Gabinete do Presidente de Minas Gerais.
- Também trabalhou por 35 anos como funcionário público. Foi Chefe de Gabinete do Ministério da Educação do Brasil entre 1934 e 1945.
- Em 1968, ganhou o Prêmio Jabuti com a obra de poesias Versiprosa. Durante toda sua vida, ganhou outros prêmios, como reconhecimento de seu talento literário.
- Em 1973, recebeu um prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte.
- Na década de 1980, lançou as seguintes obras: A Paixão Medida, que contém 28 poemas inéditos; Caso do Vestido (1983); Corpo (1984); Amar se aprende amando (1985) e Poesia Errante (1988).
- Foi cronista no Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), entre os anos de 1969 e 1984.
- Ganhou, em 1982, o prêmio literário Juca Pato da UBE (União Brasileira dos Escritores).
- Faleceu em 17 de agosto de 1987, na cidade do Rio de Janeiro, em decorrência de problemas cardíacos, doze dias após a morte de sua filha Maria Julieta.
Foto de Carlos Drummond de Andrade (1954). Fonte: Arquivo Nacional. |
Estilo literário e principais temas retratados em suas obras:
• Os principais temas retratados nas poesias de Drummond são: conflito social, a família e os amigos, a existência humana, a visão sarcástica do mundo e das pessoas e as lembranças da terra natal.
• Seus poemas abordam assuntos do cotidiano, e contam com uma boa dose de pessimismo e ironia diante da vida. Em suas obras, há ainda uma permanente ligação com o meio e com obras politizadas. Além das poesias, ele escreveu também diversas crônicas e contos.
• Talentoso também na prosa, tem suas prosas reunidas nos seguintes volumes: Confissões de Minas, Contos de Aprendiz, Passeios na Ilha e Fala Amendoeira.
Principais obras:
Dentre suas obras poéticas mais importantes destacam-se:
- Brejo das Almas (1934)
- Sentimento do Mundo (1940)
- Poesias (1942)
- José (1942)
- Confissões de Minas (1944)
- A rosa do Povo (1945)
- Poesia até agora (1948)
- Lição de Coisas (1962)
- Viola de Bolso (1955)
- Claro Enigma (1951)
- Fazendeiro do Ar (1954)
- A Vida Passada a Limpo (1959)
- Novos Poemas (1948)
- Versiprosa (1967)
- Boitempo (1968)
- As impurezas do Branco (1973)
- Poesia Errante (1988)
Capa do livro A Rosa do Povo (1945): uma das principais obras de Carlos Drummond de Andrade. |
Curiosidades pessoais:
- Carlos Drummond de Andrade fez o curso superior de Farmácia, na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte. Porém, não chegou a exercer a profissão de farmacêutico.
- Durante sua vida, Drummond teve apenas uma esposa: Dolores Dutra de Morais. Com ela, o poeta teve dois filhos: Carlos Flávio (morreu após o nascimento) e Maria Julieta Drummond de Andrade (que também foi escritora).
- Drummond também escreveu obras infantis. Entre elas, podemos citar: O Elefante (1983), História de Dois Amores (1985) e O Pintinho (1988).
Estátua de Carlos Drummond de Andrade no calçadão de Copacabana (Rio de Janeiro): homenagem a um dos mais importantes escritores da Literatura Brasileira. |
Exemplo de um poema de Carlos Drummond de Andrade:
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Saiba mais:
Obtenha mais dados e informações sobre a vida e obra de Carlos Drummond de Andrade no site oficial.
Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).
Fonte de referência do texto:
- Achcar, Francisco (1993). A rosa do povo e claro enigma: Carlos Drummond de Andrade: roteiro de leitura. São Paulo: Ática
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