Romantismo nas artes, teatro e literatura

O Romantismo foi um movimento cultural, literário e artístico que surgiu na Europa no final do século XVIII.


José de Alencar : um dos principais escritores do Romantismo no Brasil
José de Alencar : um dos principais escritores do Romantismo no Brasil

 

O que foi (definição)

 

Podemos definir o Romantismo como um período cultural, artístico e literário que se inicia na Europa no final do século XVIII, espalhando-se pelo mundo até o final do século XIX.

 

O berço do romantismo pode ser considerado três países: Itália, Alemanha e Inglaterra. Porém, na França, o romantismo ganha força como em nenhum outro país e, através dos artistas franceses, os ideais românticos espalham-se pela Europa e pela América.

 

As principais características gerais do Romantismo foram:

 

Valorização das emoções, liberdade de criação, amor platônico, temas religiosos, individualismo, nacionalismo e história.

 

Este período foi fortemente influenciado pelos ideais do iluminismo e pela liberdade conquistada na Revolução Francesa.

 

O romantismo também apresentou sentimentalismo exacerbado.

 

No Romantismo, principalmente na literatura, a natureza apresenta-se em constante relação e interação com o eu lírico.

 

Valorização da noite (período noturno), principalmente em sintonia com os temas amorosos.



1. Romantismo na Literatura

 

Foi através da poesia lírica que o romantismo ganhou formato na literatura dos séculos XVIII e XIX. Os poetas românticos usavam e abusavam das metáforas, palavras estrangeiras, frases diretas e comparações. Os principais temas abordados eram: amores platônicos, acontecimentos históricos nacionais, a morte e seus mistérios. As principais obras românticas são: Cantos e Inocência do poeta inglês William Blake, Os Sofrimentos do Jovem Werther e Fausto do alemão Goethe, Baladas Líricas do inglês William Wordsworth e diversas poesias de Lord Byron. Na França, destacam-se Os Miseráveis de Victor Hugo e Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas.

 

2. Romantismo na Música

 

Na música ocorre a valorização da liberdade de expressão, das emoções e a utilização de todos os recursos da orquestra. Os assuntos de cunho popular, folclórico e nacionalista ganham importância nas músicas.

 

Podemos destacar como músicos deste período: Ludwig van Beethoven (suas últimas obras são consideradas românticas), Franz Schubert, Carl Maria von Weber, Felix Mendelssohn, Frédéric Chopin, Robert Schumann, Hector Berlioz, Franz Liszt e Richard Wagner.

 

3. Teatro romântico

 

Na dramaturgia o romantismo se manifesta valorizando a religiosidade, o individualismo, o cotidiano, a subjetividade e a obra de William Shakespeare. Os dois dramaturgos mais conhecidos desta época foram Goethe e Friedrich von Schiller. Victor Hugo também merece destaque, pois levou várias inovações ao teatro. Em Portugal, podemos destacar o teatro de Almeida Garrett.

Retrato de Almeida Garrett
Almeida Garrett: importante escritor do teatro romântico português.

 

 

4. Romantismo nas Artes Plásticas

 

Nas artes plásticas, o romantismo deixou importantes marcas. Artistas como o espanhol Francisco Goya e o francês Eugène Delacroix são os maiores representantes da pintura desta fase. Estes artistas representavam a natureza, os problemas sociais e urbanos, valorizavam as emoções e os sentimentos em suas obras de arte. Na Alemanha, podemos destacar as obras místicas de Caspar David Friedrich, enquanto na Inglaterra John Constable traçava obras com forte crítica à urbanização e aos problemas gerados pela Revolução Industrial.

 

Pintura Goethe na Itália

Goethe na Itália (1787): obra do pintor alemão Johann Heinrich Wilhelm Tischbein. O grande escritor romântico Goethe sendo retratado numa pintura romântica.

 

 

A Liberdade guiando o povo, obra de Eugène Delacroix

A Liberdade guiando o povo (1830), obra de Eugène Delacroix: exemplo de pintura do Romantismo. A liberdade, as questões sociais e o nacionalismo são as principais características românticas que podemos observar nessa obra

 


Principais Escultores do Romantismo e suas principais esculturas:

 



Antoine-Louis Barye (1796-1875): ourives e escultor francês.

Principais obras: O leão e a serpente e Teseu e o Minotauro.



François Rude (1784-1855): escultor francês.

Principal obra: Partida dos Voluntários de 1792 ou A Marselhesa (conjunto de estátuas).




Antoine-Augustin Préault
(1809-1879): escultor francês.

Principais obras: Silêncio (1842) e Cabeça de um jovem (1869).



Vitor Bastos (1832-1894): escultor português.

Principais obras: Monumento a Camões (localizada em Lisboa) e a estátua do Conde das Antas.



Célestin Anatole Calmels (1822-1906): escultor francês que fez grande parte de sua carreira artística em Portugal.

Principais obras: Esculturas no Palácio de São Bento e Monumento a D. Pedro IV (localizado na cidade do Porto).



António Augusto da Costa Motta
(1862-1930): escultor português.

Principais obras: Túmulos de Luís Vaz de Camões e Vasco da Gama (1894) e Monumento a Afonso de Albuquerque (1902).



Jean-Baptiste Carpeaux (1827-1875): pintor e escultor francês.

Principais obras: Ugolino e seus filhos (1857-1861), A Dança (1866-1869) e As quatro partes do mundo (1874).

 

Ugolino e seus filhos, obra de Carpeaux

Ugolino e seus filhos (1857-1861): obra mais famosa de Jean-Baptiste de Carpeaux.

 

 

Escultura A Marselhesa de François Rude

A Marselhesa (1833-1836) de François Rude.

 

A barca de Dante: obra de Eugène Delacroix
A barca de Dante: obra de Eugène Delacroix

 

 


Exemplos de obras de arte (pinturas) do Romantismo:

 

Goethe na campanha romana (1786)

Autor: Johann Heinrich Wilhelm Tischbein (pintor alemão)


O espírito de Culmin aparece a sua mãe (1794)

Autor: Nicolai Abildgaard (pintor dinamarquês)


Piedade (1795)

Autor: Willian Blake (pintor inglês)


O ancião dos dias (1794)

Autor: Willian Blake (pintor inglês)


O aquelarre (O sabá das bruxas) (1798)

Autor: Francisco de Goya y Lucientes (pintor espanhol)


A família de Carlos IV (1801)

Autor: Francisco de Goya y Lucientes (pintor espanhol)


A Maja vestida (1800-03)

Autor: Francisco de Goya y Lucientes (pintor espanhol)


Tempestade de neve – Anibal atravessando os Alpes (1811)

Autor: Joseph Mallord William Turner (pintor inglês)


O monge a beira-mar (1808)

Autor: Caspar David Friedrich (pintor alemão)


Napoleão no campo de batalha de Eylau (1807)

Autor: Antoine-Jean Gros (pintor francês)


3 de maio de 1808 (1814)

Autor: Francisco de Goya y Lucientes (pintor espanhol)


Oficial dos Hussardos (1812)

Autor: Theodoré Géricault (pintor francês)


Dido construindo Cartago (1815)

Autor: Joseph Mallord Turner (pintor inglês)


Elias no deserto (1818)

Autor: Washington Allston (pintor norte-americano)


A balsa da Medusa (1818)

Autor: Theodoré Géricault (pintor francês)


O carvalho Poringland (1820)

Autor: John Crome (pintor inglês)


O moinho Dedham (1820)

Autor: John Costable (pintor inglês)


Massacre em Chios (1824)

Autor: Ferdinand Delacroix (pintor francês)


A barca de Dante (1822)

Autor: Eugène Delacroix (pintor francês)


A louca (1822)

Autor: Theodoré Géricault (pintor francês)


Saturno deovrando seu filho (1823)

Autor: Francisco Goya (pintor espanhol)


A liberdade guiando o povo (1830)

Autor: Eugène Delacroix (pintor francês)


Incêndio no Parlamento (1835)

Autor: William Turner (pintor e gravurista inglês)

 

Incêndio no Parlamento, obra de William Turner

Incêndio no Parlamento (1835): obra do pintor romântico William Turner.

 

 

Pintura de um grande carvalho com pessoas vestidas de branco próximas a um lago

O carvalho Poringland (1820): pintura de John Crome.

 

 

 

 

O ROMANTISMO NO BRASIL 

 

Em nossa terra, inicia-se em 1836 com a publicação, na França, da Nictheroy - Revista Brasiliense, por Gonçalves de Magalhães. Neste período, nosso país ainda vivia sob a euforia da Independência do Brasil. Os artistas brasileiros buscaram sua fonte de inspiração na natureza, nos indígenas (Indianismo) e nas questões sociais e políticas do país. As obras brasileiras valorizavam o amor sofrido, a religiosidade cristã, a importância de nossa natureza, a formação histórica do nosso país e o cotidiano popular.



Contexto histórico do Romantismo no Brasil


1808 – Vinda da família real portuguesa para o Brasil (início do Período Joanino da História do Brasil, que vai até 1821).

 

1808 – D. João VI toma medidas favoráveis ao desenvolvimento cultural no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro (sede da corte e capital do país).

 

1821 – D. João VI decreta a abertura dos portos às nações amigas. Nesse mesmo ano foram criadas as escolas de nível superior, autorizadas as tipografias e instaladas bibliotecas. Ocorreu também o início das atividades editorial e da imprensa periódica.

 

1822 – Proclamação da Independência do Brasil, em 7 de setembro. Esse fato favoreceu o nacionalismo, que foi um dos aspectos da literatura romântica brasileira.

 

1827 – Fundação da Faculdade de Direito de São Paulo e de Recife.

 

1831 – Ocorre a abdicação de D. Pedro I. Começa o Período Regencial no Brasil (1831-1840). Esse foi marcado por instabilidades políticas e revoltas e rebeliões em várias províncias.

 

1833 – Criação da Companhia Dramática Nacional.

 

1836 - Publicação do livro Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Esse foi o marco inicial do Romantismo na Literatura Brasileira.

 

1838 – Fundação do Instituto Histórico e Geográfico.

 

1842 – Ocorrências de revoltas de caráter liberal em São Paulo e Minas Gerais.

 

1848 a 1850 – Revolução Praieira em Pernambuco.

 

1850 – Ocorre a promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que estabeleceu a proibição do tráfico de escravos.

 

1864 – Início da Guerra do Paraguai.

 

Família real portuguesa embarcando para o Brasil
Família real portuguesa embarcando para o Brasil: com a corte portuguesa no Brasil, ocorreram muitas transformações, que favoreceram o desenvolvimento cultural brasileiro.

 

 

 

Artes Plásticas

 

As obras dos pintores brasileiros buscavam valorizar o nacionalismo, retratando fatos históricos importantes. Desta forma, os artistas contribuíam para a formação de uma identidade nacional. As obras principais deste período são: A Batalha do Avaí de Pedro Américo e A Batalha de Guararapes de Victor Meirelles. 

 

Literatura romântica brasileira

 

No ano de 1836 é publicado no Brasil Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães. Esse é considerado o ponto de largada deste período na literatura de nosso país. Essa fase literária foi composta de três gerações:

 

1ª Geração - conhecida também como nacionalista ou indianista, pois os escritores desta fase valorizaram muito os temas nacionais, fatos históricos e a vida do índio, que era apresentado como " bom selvagem" e, portanto, o símbolo cultural do Brasil. Destaca-se nesta fase os seguintes escritores: Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Araújo Porto Alegre, Evaristo da Veiga e Teixeira e Sousa.

 

2ª Geração - conhecida como Mal do século, Byroniana ou fase ultrarromântica. Os escritores desta época retratavam os temas amorosos levados ao extremo e as poesias são marcadas por um profundo pessimismo, valorização da morte, tristeza e uma visão decadente da vida e da sociedade. Muitos escritores deste período morreram ainda jovens. Podemos destacar os seguintes escritores desta fase: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire.

 

3ª Geração - conhecida como geração condoreira, poesia social ou hugoana. Textos marcados por crítica social. Castro Alves, o maior representante desta fase, criticou de forma direta a escravidão, no poema Navio Negreiro.

 

Música Romântica no Brasil

 

A emoção, o amor e a liberdade de viver são os valores retratados nas músicas desta fase. O nacionalismo (valorização das características e valores do país), nosso folclore e assuntos populares servem de inspiração para os músicos. O Guarani de Carlos Gomes é a obra musical de maior importância desta época.

 

Teatro

 

Assim como na música e na literatura os temas do cotidiano, o individualismo, o nacionalismo e a religiosidade também aparecem na dramaturgia brasileira desta época. Em 1838, é encenada a primeira tragédia de Gonçalves de Magalhães: Antônio José, ou o Poeta e a Inquisição. Também podemos destacar a peça O Noviço de Martins Pena.



 

Principais características do Romantismo no Brasil:

 


- Ênfase na valorização do Nacionalismo (temas ligados aos aspectos positivos do Brasil como, por exemplo, a natureza e a cultura nacional).

 

- Abordagem de temas ligados à História do Brasil.

 

- Resgate das tradições populares (danças, artes, cultural popular).

 

- Valorização do individualismo: o seguidor do romantismo busca sair dos padrões sociais para buscar características e sentimentos próprios do indivíduo.

 

- Ênfase para a liberdade de criação e expressão artística e literária.

 

- Abordagem de temas da sociedade, enfatizando a crítica dos comportamentos e valores sociais tradicionais estabelecidos.

 

- Idealização do amor, da mulher amada e de situações. Nesse aspecto há excesso do sentimentalismo.

 

- Principalmente nas obras literárias há presença do egocentrismo. O escritor, principalmente os poetas, colocam seus sentimentos, sofrimentos, amores e suas vidas acima de tudo.

 

- Valorização dos primeiros habitantes do país (indígenas) como se eles fossem os detentores dos valores nobres e verdadeiros do Brasil. Essa características romântica é conhecida como Indianismo.

 

- Presença da emoção nas obras literárias e artísticas.

 

- Muitos escritores do Romantismo apresentam características literárias voltadas para o pessimismo, valorização da tristeza e vida boêmia. Esses aspectos aparecem, principalmente, nos poetas da Segunda Geração Romântica do Brasil (Ultrarromantismo).

 

- Idealização da realidade, principalmente presente na pintura romântica.

 

 

Principais obras do Romantismo no Brasil e seus autores:

 

- Lira dos vinte anos (poesia de Álvares de Azevedo)

 

- Noite na taverna (conto de Álvares de Azevedo)

 

- Macário (peça de teatro de Álvares de Azevedo)

 

- O seminarista (romance de Bernardo Guimarães)

 

- A escrava Isaura (romance de Bernardo Guimarães)

 

- Contos da solidão (poesia de Bernardo Guimarães)

 

- Folhas de outono (poesias de Bernardo Guimarães)

 

- As primaveras (poesia de Casimiro de Abreu)

 

- Espumas flutuantes (poesia de Castro Alves)

 

- Os escravos (poesia de Castro Alves)

 

- Vozes da América (poesia de Fagundes Varela)

 

- Cantos e fantasias (poesia de Fagundes Varela)

 

- Noturnas (poesia de Fagundes Varela)

 

- O estandarte auriverde (poesia de Fagundes Varela)

 

- O cabeleira (romance de Franklin Távora)

 

- O matuto (romance de Franklin Távora)

 

- Suspiros poéticos e saudades (poesia de Gonçalves de Magalhães)

 

- Primeiros cantos (poesia de Gonçalves Dias)

 

- Segundos cantos (poesia de Gonçalves Dias)

 

- Últimos cantos (poesia de Gonçalves Dias)

 

- A moreninha (romance de Joaquim Manuel de Macedo)

 

- O moço loiro (romance de Joaquim Manuel de Macedo)

 

- Cinco minutos (romance de José de Alencar)

 

- A viuvinha (romance de José de Alencar)

 

- Senhora (romance de José de Alencar)

 

- As minas de prata (romance de José de Alencar)

 

- Iracema (romance de José de Alencar)

 

- O guarani (romance de José de Alencar)

 

- O tronco do ipê (romance de José de Alencar)

 

- Inspirações do claustro (poesia de Junqueira Freire)

 

- Memórias de um sargento de milícias (Manuel Antônio de Almeida)

 

- O juiz de paz na roça (peça de teatro de Martins Pena)

 

- O noviço (peça de teatro de Martins Pena)

 

- Guesa errante (poesia de Sousândrade)

 

- Inocência (romance de Taunay)

 

 



Atualizado em 29/08/2022

Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).




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Bibliografia Indicada

 

Referências (fontes de pesquisas) utilizadas na elaboração do artigo:

 

- CAMPADELLI, Samira Youseef; SOUZA, Jesus Barbosa. Literaturas Brasileira e Portuguesa. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.

 

- TUFANO, Douglas. Vereda Digital – Literatura Brasileira e Portuguesa, São Paulo: Moderna, 2012.

 

- ENCICLOPÉDIA MICROSOFT ENCARTA 2000. [S.l.]: Microsoft Corporation, 1999. 1 CD-ROM.


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