A Guerra Fria e seu contexto

Guerra Fria é uma expressão utilizada para definir os conflitos indiretos entre Estados Unidos e União Soviética, no período após a 2ª Guerra Mundial até o fim da URSS em 1991.


Construção do Muro de Berlim
Construção do Muro de Berlim


O que foi (definição) e contexto histórico

 

A definição para a expressão "guerra fria" é: um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, com ausência de embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém, ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como ocorreu, por exemplo, na Coreia e no Vietnã.

 

A Guerra Fria iniciou logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética disputaram a hegemonia política, econômica e militar no mundo.

 

A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados Unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar, em outros países, os seus sistemas políticos e econômicos.

 

 

Os principais aspectos da Guerra Fria foram:

 

1. Paz Armada

 

A Paz Armada foi um período no qual as duas potências envolveram-se numa corrida armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois sempre haveria o medo do ataque inimigo. 

 

Nessa época, formaram-se dois blocos militares, cujos objetivos eram defender os interesses militares dos países membros. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países membros, principalmente na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.

 

Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Canadá, Itália, Portugal, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha (entrou em 1982), Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.

 

Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Cuba, China, Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

 

Misseis soviéticos da época da Guerra Fria

Misseis soviéticos do final da década de 1950: Paz Armada e Corrida Armamentista foram duas características da Guerra Fria.

 

2. Corrida Espacial

 

EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocorria porque havia uma grande disputa entre as potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado do ponto de vista tecnológico e espacial. No ano de 1957, a URSS lançou o foguete Sputnik, com um cão dentro. A cadela Laika foi o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Em 1961, a União Soviética colocou, pela primeira vez na história, um ser humano (o astronauta Iuri Gagarin) viajando no espaço. Oito anos depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar, pela televisão, a chegada do homem a Lua com a missão espacial norte-americana.

 

EUA chegam à Lua em 1969 e vencem a corrida espacial

EUA chegam à Lua em 1969 e vencem a corrida espacial: uma das disputas da Guerra Fria.

 

 

3. Caça as Bruxas

 

Os EUA lideraram uma forte política de combate ao comunismo em seu território e no mundo. Usando o cinema, a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgaram uma campanha, que valorizava o "American Way of Life" (estilo de vida americano). Vários cidadãos americanos foram presos ou marginalizados por defenderem ideias próximas ao socialismo. O Macarthismo, comandado pelo senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu muitas pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegou aos países aliados dos EUA, como uma forma de identificar o socialismo com tudo que havia de ruim no planeta.

 

Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus integrantes perseguiram, prenderam e até mataram todos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes países, por exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de investigação e espionagem foi muito usado por ambos os lados. Enquanto a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos soviéticos.

 

4. A divisão da Alemanha

 

Após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A República Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência soviética e, portanto, socialista. A República Federal da Alemanha, com capital em Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro forças que venceram a guerra: URSS, EUA, França e Inglaterra. Em 1961, foi levantado o Muro de Berlim, para dividir a cidade em duas partes: uma capitalista e outra socialista.



5. "Cortina de Ferro"

 

A expressão “Cortina de Ferro” foi usada pela primeira pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill, em 1946, para se referir aos países do leste europeu, que estavam sob a influência da União Soviética (URSS). Portanto, esses países eram seguidores do regime socialista.
 

Do ponto de vista histórico, esse bloco começou a ser formado após a derrota alemã na Batalha de Stalingrado, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi a União Soviética que libertou os países do leste europeu do domínio nazista e estabeleceu seu domínio na região.
 

Vale ressaltar que essa expressão era utilizada pelos países do ocidente europeu e não pelos próprios habitantes do leste europeu. E evidentemente, em plena Guerra Fria, a expressão “Cortina de Ferro” era impregnada de valores considerados negativos pelos ocidentais. Simbolizava o perigoso socialismo, a ditadura, o atraso industrial e a falta de liberdade. Mas, ao mesmo tempo, tinha a questão do respeito, pois a União Soviética possuía grande arsenal bélico, inclusive com poderosas armas atômicas.
 

A expressão “Cortina de Ferro” foi muito utilizada durante a Guerra Fria (1947-1989), quando o mundo estava dividido em capitalismo (sob influência dos EUA) e socialismo (sob influência da União Soviética). Nesse contexto, a Europa estava divida em Europa Ocidental (capitalista) e Europa Oriental ou Leste Europeu (socialista).
 

Um dos principais símbolos da Cortina de Ferro e da Guerra Fria foi o Muro de Berlim, construído em 1961 pela Alemanha Oriental. Esse muro dividia a cidade de Berlim em duas áreas: Berlim Ocidental e Berlim Oriental (incluindo a Alemanha Oriental). Esse muro circundava toda Berlim Ocidental (capitalista) e só foi derrubado em 1989, no processo da reunificação da Alemanha.


Países que faziam parte da Cortina de Ferro sob a liderança e comando da URSS:


- Albânia

- Bulgária

- Hungria

- Polônia

- Romênia

- Tchecoslováquia

- Iugoslávia

- Alemanha Oriental (República Democrática da Alemanha)

 

Ilustração representando a Guerra Fria

Ilustração representando a Guerra Fria: a disputa de poder entre EUA e URSS pelo controle mundial.




6. Plano Marshall, COMECON e KOMINFORM

 

As duas potências desenvolveram planos para desenvolver economicamente os países membros de seus blocos. No final da década de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda econômica, principalmente através de empréstimos, para reconstruir os países capitalistas afetados pela Segunda Guerra Mundial.

 

Já o COMECON (Conselho para Assistência Econômica Mútua) foi criado pela URSS, em 1949, com o objetivo de garantir auxílio mútuo entre os países socialistas. A União Soviética também colocou em ação, no ano de 1947, o KOMINFORM (Comitê de Informação dos Partidos Comunistas e Operários). Enquanto a primeira organização tinha funções econômicas, o segunda buscava evitar a influência estadunidense sobre os países socialistas e proporcionar a união entre estas nações.



7. Os envolvimentos Indiretos

 

Guerra da Coreia: Entre os anos de 1951 e 1953 a Coreia foi palco de um conflito armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoísta, ocorrida na China, a Coreia sofreu pressões para adotar o sistema socialista em todo o seu território. A região sul da Coreia resistiu e, com o apoio militar dos Estados Unidos, defendeu seus interesses. A guerra durou dois anos e terminou, em 1953, com a divisão da Coreia no paralelo 38. A Coreia do Norte ficou sob influência soviética e com um sistema socialista, enquanto a Coreia do Sul manteve o sistema capitalista.

 

Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares, morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados e foram obrigados a abandonarem o território vietnamita de forma vergonhosa, em 1975. O Vietnã passou a ser, após o fim da guerra, socialista.

Guerra do Vietnã, um dos momentos da Guerra Fria
Guerra do Vietnã: conflito indireto entre EUA e URSS, durante a Guerra Fria.



Conclusão: fim da Guerra Fria e consequências

 

A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo, no final da década de 1980. Em 1989, caiu o Muro de Berlim e as duas Alemanhas foram reunificadas. No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo, vitorioso, aos poucos, foi sendo implantado nos países socialistas. Cuba, China e Coreia do Norte permaneceram socialistas.



O Brasil na Guerra Fria

 

Como um país seguidor do sistema capitalista e com fortes laços comerciais com EUA e Europa Ocidental, o Brasil ficou posicionado ao lado do bloco norte-americano. Quando no começo de 1964, o então presidente brasileiro João Goulart começou a adotar algumas medidas consideradas socialistas, ocorreu o golpe militar. Com os militares no poder, o Brasil estreitou ainda mais as relações com os EUA.

 

Queda do Muro de Berlim em 1989
Queda do Muro de Berlim em novembro de 1989: um dos principais marcos do fim da Guerra Fria.

 

 

QUIZ

 

Qual era o sistema político-econômico seguido pela União Soviética durante a Guerra Fria?

 






 

 



Atualizado em 18/01/2024

Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).




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Bibliografia Indicada

 

Fontes de pesquisa consultadas para a elaboração do texto:

 

MORAES, Luís Edmundo. História Contemporânea – Da Revolução Francesa à Segunda Guerra Mundial: São Paulo: Contexto, 2017.

CÁCERES, Florival; PEDRO, Antônio. História Geral. São Paulo: Moderna, 1988.


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