História do Cinema Brasileiro

Conheça um pouco sobre a história do cinema no Brasil, as principais fases e suas características.


Cena do filme O pagador de promessas, um clássico de 1962
Cena do filme O pagador de promessas, um clássico de 1962

 

Introdução 


Ao contrário do que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, o cinema brasileiro demorou para se desenvolver no século XX. Somente na década de 1930 que surgiram as primeiras empresas cinematográficas, produtoras de filmes do gênero chanchada.

 

Os primeiros filmes brasileiros:

 

"Vista da Baía de Guanabara" (1898): acredita-se que este seja o primeiro filme registrado no Brasil. Foi filmado pelo italiano Afonso Segreto, que, ao retornar de uma viagem à Europa, onde adquiriu um cinematógrafo, filmou a Baía de Guanabara a partir do navio que o trazia de volta ao Rio de Janeiro.


"Chegada do Trem em Petrópolis" (1898): este filme, também realizado por Afonso Segreto, captura a chegada de um trem na estação de Petrópolis, no Rio de Janeiro. É um dos primeiros exemplos de filmagem de eventos cotidianos no Brasil.


"Uma Vida de Cão" (1899): embora haja menos informações disponíveis sobre este filme, ele é frequentemente citado como um dos primeiros filmes brasileiros. A produção e o conteúdo exato do filme, no entanto, são menos documentados em comparação com os trabalhos de Afonso Segreto.



Principais fases do cinema brasileiro 


O grande salto de desenvolvimento do cinema nacional ocorreu somente na década de 1960. Com o conhecido “Cinema Novo”, vários filmes ganharam destaque nos cenários nacional e internacional. Podemos dizer que o marco inicial desta época de prosperidade cinematográfica nacional foi o lançamento do filme “O Pagador de Promessas”, escrito e dirigido por Anselmo Duarte. Foi o primeiro filme nacional a ser premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes.

 

O Cinema Novo

 

Com o lema “uma câmara na mão e uma ideia na cabeça”, outros diretos impulsionam o Cinema Novo. Os filmes deste período (décadas de 1970 e 1980) começam a retratar a vida real, mostrando a pobreza, a miséria e os problemas sociais, dentro de uma perspectiva crítica, contestadora e cultural. Neste contexto, aparecerem filmes como “Deus e o diabo na terra do Sol” e “Terra em transe”, ambos do diretor Glauber Rocha. Outro cineasta que também merece destaque neste período é Carlos Diegues, autor de Ganga Zumba.


Porém, os anos 80 representam um período de crise para o cinema nacional. A crítica e os grandes problemas nacionais saem de cena para dar espaço para filmes de consumo fácil, com temáticas simples e de caráter sexual, muitas vezes de mau gosto. É a época da pornochanchada. A qualidade é deixada de lado, e os cineastas, muitos deles sem representatividade no cenário nacional, começam a produzir em larga escala.


Mesmo neste período, alguns cineastas resistem a onda e procuram produzir filmes inteligentes e bem elaborados. Podemos destacar os seguintes filmes neste contexto: “Aleluia Gretchen” de Sílvio Back; “Vai trabalhar vagabundo” de Hugo Carvana e “Dona Flor e seus dois maridos” de Bruno Barreto.



O Cinema Contemporâneo

 

A década de 1990 e o início do novo milênio são marcados pela diversidade de temas e enfoques. O filme passa ser um produto rentável e a "indústria cinematográfica" ganha impulso em busca de grandes bilheterias e altos lucros. Neste sentido, as produções brasileiras procuram atender públicos diversos. Comédias, dramas, política e filmes de caráter policial são produzidos em território nacional. Com políticas de incentivo e empresas patrocinadoras, o Brasil começa a produzir filmes que mobilizam grande número de espectadores. Este cenário está presente até os dias de hoje, demonstrando o grande avanço da indústria cinematográfica brasileira.


Curiosidades do cinema brasileiro:


- Em 1973, o Brasil criou o Festival de Gramado, realizado anualmente na cidade de mesmo nome, na Serra Gaúcha. O troféu, conhecido como “kikito” é uma figura risonha, esculpida em bronze.

 

- Até 2023, nenhum filme brasileiro havia ganhado o Oscar de melhor filme estrangeiro.

 

- No dia 19 de junho comemora-se o Dia do Cinema Brasileiro. Nesta data, em 1898, ocorreu a primeira filmagem no Brasil. O italiano Afonso Segreto filmou a entrada da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro.

 

- Algumas pessoas comemoram o Dia do Cinema Brasileiro em dia 5 de novembro, pois nesta data, em 1896, ocorreu a primeira exibição pública de um filme em terras brasileiras. A exibição ocorreu na cidade do Rio de Janeiro.

 

- O filme brasileiro que teve maior bilheteria em todos os tempos foi "Nada a perder" (2018) com público de 12 milhões.

 

Foto antiga de Afonso Segretto ao lado de equipamentos de filmagem

Afonso Segretto: italiano foi um dos primeiros cinegrafistas do Brasil e um dos precursores do cinema em nosso país. Sua primeira exibição ocorreu em 1896.

 

 


TEXTO COMPLEMENTAR:

OSCARITO, UM IMPORTANTE COMEDIANTE DA HISTÓRIA DO CINEMA BRASILEIRO

 

Oscar Lourenço Jacinto da Imaculada Conceição da Teresa Dias, popularmente e artisticamente conhecido por Oscarito, foi um importante comediante do período da chanchada no Brasil. Nasceu na cidade de Málaga (Espanha) em 16 de agosto de 1906. Atuou no cinema e também no teatro.

 

Oscarito veio morar no Brasil, com a família, com apenas um ano de idade. Ainda criança trabalhou no circo como trapezista, palhaço e acrobata. Atuou também em pequenos grupos de teatro junto com integrantes de sua família.



No começo da década de 1930 entrou para o Teatro de Revista. Em 1932, estreou no teatro com a peça “Calma, Gegê”, onde ocorria uma sátira ao então presidente Getúlio Vargas.



Sua estreia no cinema foi em 1935 no filme Noites Cariocas. Ganhou grande destaque com seu personagem cômico de um carioca simpático. Sua parceria com Grande Otelo fez grande sucesso nas telas do cinema brasileiro.



Uma das principais qualidades de Oscarito foi levar a alegria do circo e dos palhaços para a representação no teatro e no cinema.



Oscarito casou-se com Margot Louro e teve com ela dois filhos. Morreu em 4 de agosto de 1970, após um acidente vascular.

 

Oscarito e Grande Otelo no filme Matar ou Morreu

Oscarito (direita) e Grande Otelo (esquerda) no filme Matar ou Morrer de 1954

 

 

 



Atualizado em 08/01/2024

Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).




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Bibliografia Indicada

 

Nova História do Cinema Brasileiro

Autor: Ramos, Fernão Pessoa e Schvarzman, Sheila

Editora: Sesc SP


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